sexta-feira, 2 de outubro de 2015

Estradas de Valian - Posto norte e a cidade de Runei

O posto dos cavaleiros escarlates, tinha o símbolo estampados em todos os lados e ao contrário do costumeiro silêncio que escutou-se milhares de vezes em roubos bem arquitetados. Ela ouvia os burburinhos e ordens. Cavaleiros com senso de humanidade era algo notavelmente confuso.
—Como pessoas servem sob esse símbolo? Conheceriam eles o dono do castelo branco? —a ladina questionava sem se importar com as pessoas ao seu redor.
—Fique quieta, você não está vendo que alguns cavaleiros já olharam pra gente? - Sten buscava enxergar algo que fosse diferente nos outros soldados.
Os dois andavam em meio a troca de mercadoria. Eram pedras de todas as formas, grãos, tintas, frutos e roupas. Loreah escondia seu cabelo com um elmo
— Ei recrutas! —Uma voz firme fez com que os dois parassem.
O homem passou ao lado deles e chegou a dois rapazes. Pela aparência umas cinco primaveras mais novos que Sten.
—O que estão fazendo sem o amuleto escarlate?- O cavaleiro mais velho, deu um tapa na cabeça dos dois e logo após entregou dois amuletos e logo entrou em uma tenda. Os meninos seguraram firme os amuletos e despistadamente deixaram eles dentro de um amontoado qualquer de pedras, Loreah entendeu então a intenção dos dois. Começou a andar em passo acelerado para encontrar os jovens, O rapaz de cabelos negros a acompanhou.
—Eu vi o que vós fizestes com os amuletos, seus fedelhos – Loreah fez o melhor para fazer sua voz de autoridade. Os dois correram em direção a saída oposta a estrada que Loreah e Sten utilizaram para chegar até o posto. Os soldados que viram a movimentação não se importaram porque observavam um cavaleiro aproximar dos dois, A ladina deu espaço para eles chegarem uns vinte passos depois da entrada. Ela então acelerou seu movimento, porém os dois ainda tinham energia de sobra. Sten acompanhava deixando sua companheira fazer o que ela quisesse. Quando ela acertou um deles com uma rasteira. O outro parou
—Eu falei que isso ia dar errado. Eu sabia! Porque você tinha que dar ideia de roubar cristais do posto.— Resmungava o menino caído.
Sten pulou sobre o que estava parado e o imobilizou.
—Porque já fiz isso mais de uma vez e eles nunca notavam. —Ele estava bravo com a inutilidade de sua força diante das mãos firmes do selvagem.
—Hoje é o dia de sorte —mulher de cabelos loiros falou esbanjando um sorriso – Gostaria de obter algumas informações, aonde se situa a aldeia mais próxima.
— Hãn!? —Os rapazes estavam surpresos e sem entender direito.
—Vocês não são de Runei?
—O que me faltava era ter um Tyars no posto daqui.
Sten e Loreah se olharam sem entender.
—Nós somos de lugar nenhum e estamos perscrutando por informações sobre os soldados escarlates e seu senhor.
—Então é uma ladra como nós! —O sangue de Loreah fervia, tudo era aceitável menos ladra.
A adaga escondida sob a armadura apareceu marcando com uma linha vermelha muito fina a pele do rapaz preso por suas mãos. Ele entendeu que devia se silenciar.
—Faremos alguns questionamentos, se responderem de forma a agradar nosso anseios deixaremos que vivam. Caso não sejam satisfatório, dreno a vida de vocês lentamente — Ela usou palavras que seu próprio tio um dia usou, contra invasores da sua aldeia.
—Ei vocês dois! Levem esses Merdinhas para a aldeia deles. —Um guarda que estava de saco cheio dos novatos instruía de forma inconsciente.
Como não sabia como responder, levantaram os dois e andaram para estrada afastando-se do posto.

—Porque roubar deles?- A pergunta de Sten foi límpida, sem julgamentos.

—Na nossa imensa aldeia existem a grande divisão, a parte alva e o grande buraco. Como vocês podem ver nós somos do buraco. Lá as casas são feitas de simples madeira e não possuímos muitas posses, apesar de nossos pais trabalharem dia e noite nas minas buscando pedras e metais para os cavalheiros vermelhos — a tristeza oscilava na voz do garoto que Sten já não segurava tão firme assim.
— Eles fazem a gente trabalhar por comida, Mesmo assim a porção que nos dão não é suficiente. O destino de quem vive no buraco ou é virar mineiro ou soldado. Nós não queremos ser nenhum nem outro e por isso que estamos buscando formas de sair daquele lugar mas para sairmos precisamos de cristais vermelhos.
—Não compreendo, vós conseguiríeis sair da vossa aldeia e não encontram alimento nessas matas?
—Todas as árvores de frutos nessas estradas perto do posto, são envenenadas pelo ancião amigo do tirano Vasnoir.
—Como meninos como vocês sabem de tanta coisa?
—Senhor aonde vivemos as ideias têm que vir dos mais novos, os adultos se acostumaram a concordar com tudo que o tirano impôs mas para termos ideias escutamos atentamente as histórias das nossas avós.

Sten escutou no fundo do seu ouvido as palavras de um velho louco: “Isso não é justo, isso não é justo, isso não é justo!”

Caminharam por bom tempo e se depararam com o olhar atento da guarda de armadura perolada e branca, os muros altos eram da mesma cor. Loreah entendeu o porque do nome parte alva. Os garotos os conduziram por um túnel estreito longe dos olhares dos vigias, eles andaram, o escuro deu vantagem aos meninos, eles sabiam aonde ir e tentaram se desvencilhar. Esse tipo de atitude é algo inaceitável para Loreah ela não esperou o garoto ganhar qualquer distância que seja. A adaga encontrou o braço do rapaz. O grito assustou seu amigo que abortou a fuga.
—Por favor senhora, não mate ele.- suplicou o outro rapaz.
—Vós desonrais nosso tratado pacífico. Corra a frente de um cachorro que te vigia e se prepare para mordida.— Ela ponderou — será que torno você um exemplo para seu amigo?- a adaga se moveu lentamente
— Não senhora, por favor!—o amigo que estava com Sten falou novamente.
—Loreah, não faça isso, são só garotos.
—Eles tem que aprender.
— Não precisa ser assim. Garotos, iremos soltá-los e acompanhar vocês para conhecer sua aldeia, viemos saber quais são as aldeias por aqui.
—Mas pra que vocês querem conhecer as outras aldeias? O dono do castelo não proibiu isso?— o menino de olhos mel perguntou.
Loreah estancava o sangue do corte que não foi tão profundo com uma tira de tecido que ela havia arrancado do manto de um dos guardas. Sten olhou para o garoto.
—Sim, é o que me disseram mas nunca vi o senhor do castelo. Você já?
—Vimos uma vez, ele é enorme e possui a armadura monstruosa de cristais vermelhos.
—Estamos buscando em outras aldeias pessoas que queiram junto com a gente descobrir mais sobre esse senhor que governa em silêncio.
— Conte comigo!— falou o garoto baixo, entre dentes.

A luz aumentou no túnel e eles chegaram ao buraco passando por uma porta fictícia entre duas casas que eram escoradas na rocha, dava pra ver quanto estavam abaixo da parte Alva. O local estava cheio de casas feitas com madeiras finíssimas e mal acabadas, a sujeira formava alguns pequenos furacões de poeira. A aparência de todos ali eram marcadas pelo sol, olhos cansados. Um portão dourado e vermelho figurava após uma escada enorme. Provavelmente a ligação da cidade alva com o buraco. Era a única saída do local. Sten teve na mente o buraco da cobra d'água que enfrentou a muito tempo atrás e pensou que poderia ser uma grande ameaça se eles conseguissem despejar água naquele local. Um sino soou.
—O que foi isso?— Loreah questionou
Alguns olhos curiosos se voltaram para os garotos, eles fizeram sinal e um senhor acolheu todos para dentro das casas.
—Eles estão descendo com o Vasnoir, hoje é dia de entrega da porção de comida.
—Porque estamos nos escondendo?
Precisamos trocar de roupas, essas armaduras podem dar grande problema.

Rapidamente Sten, o dono da casa e os dois garotos estavam do lado de fora, vestidos com o pano malcheiroso e de mono cor marrom. Esperavam Loreah se trocar. Inúmeros guardas saíram das portas, Um homem de capa vermelha e roupa branca e dourada surgiu do meio deles. Uma fila foi organizada. As pessoas se amontoavam, pelo menos duas vezes a população que existia em Falligan antes do ataque.

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