segunda-feira, 1 de fevereiro de 2016

Tya - O Torneio(3 de 3)

Loreah olhava sem entender coisa alguma, a sua visão se aproximava com a visão embaçada de quando se acorda e o corpo ainda reclama por não se sentir completamente disposto. Via os rostos gritando, pessoas de toda Tya. Urravam e ela não escutava nada. A última coisa que sua mente registrava era a final da modalidade da espada. Sentiu enfim a dor invadir os nervos do seu rosto, sentiu o ar entrar com dificuldade na respiração. Escutava passos leves e firmes se aproximando. Era Liof.

O que você fez Loreah? O que fez? Ele fala em um tom bem moderado, inexpressivo quase.
Eu não sei — Sentiu o gosto de sangue na boca.
Loreah? De onde conhece isso? De onde?
— Isso o que? Um vazio invadiu a mulher de cabelos loiros, rapidamente escutava seu próprio soluço e desmaiou novamente.

Loreah havia se tornado a chefe da arquearia, Adáia possuía o título de mestre das adagas e finalizadora de armaduras. Ambas já tinham seus lugares entre os campeões. Porem a arte da espada definia o chefe da guarda, Adáia queria manter sua posição. Loreah queria superar a única pessoa que a derrotou. O torneio já tinham muitos de seus campeões. O tio de Calino e o menino prodígio, eram os ferreiros mestres. Criaram uma armadura mais leve e mais resistente, capaz de proteger um golpe de um machado de duas mãos. Sten participou da competição de forja fez dois machados de uma mão que seriam suas armas durante a tempestade que se aproximava, Machados de bronze com uma mistura de pedras que poucos conheciam formando uma camada branca sobre o metal. Bonito mas nada inventivo. Os jurados descartaram logo de início. Pãtrio e Pirtrio admiraram e torceram o torneio inteiro. Loreah virou um exemplo para aqueles meninos, queriam ter suas habilidades, queriam ser como ela, Inabaláveis. Porem o torneio de espadas trouxe uma surpresa.A tenda abrigava todos aqueles que haviam acompanhado Loreah em sua jornada, menos Marian que no meio da confusão foi perdida de vista. Loreah novamente teve sua razão de volta. Virando-se de lado para levantar, aqueles que a velavam se aproximaram. Os olhos azuis da ladina observaram uma mulher de armadura estava deitada ao seu lado, Adáia estava desacordada. O filho da mulher estava sentado ao seu lado e ali também estava o marido. Sentou, a sensação ao ver o sorriso de felicidade do menino foi estranha. Sentia-se perdida. Olhou então para aqueles que a rodeavam. Poderiam me explicar o que aconteceu? Vocês empataram! Pirtrio não esperou nada. Estavam vocês duas e mais oito. Rapidamente venciam um por um dos outros competidores. A espada de vocês chegou a se encontrar algumas vezes mas logo se afastaram. Sobraram você e Adáia, pareciam que vocês estavam inventando um tipo de dança, porque vocês lutavam de uma forma que nunca vi na minha vida. Claro que não vi muitas mas aquilo foi fascinante, você começaram a se movimentar rápido até que em um golpe, que não enxerguei direito, vocês duas caíram. Caíram, não! Voaram para lados opostos, você sangrando pela boca e com um corte na sobrancelha — ela conferiu o corte — Ela teve um corte no pescoço e sangrou pelos ouvidos.
Muito bem, deixem ela pensar no que acabaram de contar para ela. Vão para a grande festa.

Os garotos
saíram aliviados, por terem visto que a ladina estava bem e por poderem aproveitar a festa do terceiro dia. Liof se aproximou da ladina.
O que? Empatamos? Isso pode acontecer!? Sentiu o gosto amargo da derrota novamente surgir em sua boca, entretanto a raiva não habitava mais ali. Pode, isso não acontece a algum tempo. Porem tenho que te pergunta — Uma pausa foi feita — De onde tirou os movimentos de sua luta hoje? E quem te ensinou a proferir aquela palavra?

Não estou te entendendo Liof.
Os movimentos que utilizou, não são apenas movimentos. Você estava escrevendo algo, e de alguma forma conseguiu acessar a essência do símbolo que escrevia e enfim disse em voz alta para exteriorizar o entendimento que obteve dele.

— Não entendi, o que você disse — Desconversou a ladina — Eu inventei esses movimentos.
Liof olhava buscando alguma resposta. O silêncio incomodou.
— A minha aldeia treinava seus habitantes, porque vivíamos do que saqueávamos em outras aldeias e precisávamos ter as melhores habilidades. Para fugir ou para combater quando necessário. A parte final do treino era criar a própria técnica de combate — Os olhos dela ganharam mais vida, começaram a ser lubrificados pelas primeiras lágrimas que brotariam — Eu havia ganhado um pergaminho do meu tio. Sua característica era a brancura, tão branco quanto as paredes do castelo e nele havia um símbolo.
— Um dos pergaminhos do senhor do castelo branco.
— O que?
— Isso mesmo, um dos pergaminhos aonde ele escreve. Porque não possui a memória grande o suficiente para o conhecimento que ele tem.

O cubo repousava nas mãos de Marian. Era ela, a noite e o enigma. Passou os últimos dois dias com a mente presa aquele objeto, finalmente poderia tentar seus movimentos. Movia as peças ordenando-as, nada acontecia. Os três animais a encaravam, e os olhos dela tentavam os movimentos. Girou cada uma das paredes embaralhando os animais, cada parede do bloco continha seu próprio quebra-cabeça, enxergou sobre a serpente o início do símbolo que ela aprendera com seu pai. Alguma coisa dizia que tudo aquilo estava interligado. Mas porque a serpente seria o início de um símbolo que gera fogo?

— Posso contar para ela, como foi realmente a luta? — Sten que estava parado por ali polindo seus novos machados. Adáia sentou-se e quis escutar, o olhar da mulher era tristeza profunda ao ver Loreah. O olhar de uma mãe que sintonizava com o sofrimento de um filho.
— Claro, acho que poucos entenderam o combate em si — Disse Liof
— Você derrotaram os outros oponentes em conjunto, como se preparassem a batalha para ser apenas vocês duas. Lutaram lado a lado — Sten olhou para a mestre da guarda — Começaram a se golpear de forma aleatória, testando as defesas, testando as brechas. Você então começou uma movimentação estranha, coisa que eu só Marian havia visto você fazer. Quando lutou contra os cavaleiros escarlates no ataque que fizeram em Falligan. Ela me disse que você se movimentava da forma mais leve que já viu alguém se movimentar, que foi ferida no ombro por que em certo momento você hesitou. Isso não aconteceu ali. Você se movimentava com clareza e Adáia observando seus movimentos novos, imitou-os.
— Utilizo isso para ficar mais forte, se consigo imitar meu oponente consigo entender como ele ataca. Essa é minha vantagem, eu aprendo rápido
— ambas estava mais rápidas, até o momento em que acertaram simultaneamente os seus ataques. Adáia defendeu seu ataque, fazendo a ponta da sua lâmina acertá-la no pescoço e ela te acertando na sobrancelha. Então vocês duas proferiram uma palavra: Aêr.
— Eu me lembrei já escutar essa palavra, a muito tempo. Quando fugia do sentinela — O velho contou.

A regente se manifestou. A menininha ganhou a cor purpura nos olhos.

— Sentimos então uma movimentação na magia, o que vocês fizeram afetou de alguma forma o fluxo mas não sabemos nada, além do efeito lançadas para lados opostos. Vocês se lembram de alguma coisa a mais?

— Não — falaram as duas juntas e se olharam.
— Como vai ficar a questão da chefia da guarda?— Perguntou Adáia.
— Ela será dividida, o empate mostra que ambas são dignas do cargo.
— Uma honra — Adáia levantou-se afirmou com a cabeça, esticou a mão para ladina.
— Bem… — Ela apertou a mão, e se levantou utilizando o braço daquela mulher de apoio.

Calino correu, abraçando Adáia.
— Vamos para festa mãe?
— Vamos mas primeiro ajudante do mestre ferreiro, cumprimente a nova chefe da guarda.
O menino esticou a mão, Loreah a segurou. Uma sensação a invadiu, o vazio que existia em seu peito se esvaiu por completo. Ela amava aquele menino, amava como uma mãe e o protegeria de qualquer coisa no mundo. Algo que ele não sabia explicar. Um sorriso sincero e aberto surgiu no seu rosto. A sua mente vagou pela infância do garoto, vagou pelos passos, pelas descobertas descoberta e por sua vida, Ela o conhecia desde seu nascimento. Adáia observava a ladina e sentiu a revolta contra os cavaleiros escarlates, sentiu como se eles houvessem destruído o seu lar, o seu mundo. Ambas se deram conta ao mesmo tempo, as memórias delas haviam se misturado durante a luta. Adáia agora sabia toda a história de Loreah e a ladina toda a história da chefe da guarda. As experiências foram compartilhadas. A chefe da guarda saiu da tenda com o filho e Marido.

— Liof, Aconteceu algo mais.
— O que?
— A mesma coisa quando utilizei essa técnica em outro momento da minha vida, eu sei tudo que ela sabe. É como se todo as coisas que ela viveu estivessem em mim. Assim também foi com meu tio, Hilinor.
— Entendo… — A pausa dele foi longa — Vou procurar descobrir sobre isso. Você poderia desenhar o símbolo?
— Não preciso, vá no quarto em que fiquei. Preciso ficar sozinha.

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