sexta-feira, 15 de janeiro de 2016

Inuriam - Memorias da ladina

A última guerra causou a divisão das terras, as populações foram cercadas e cada uma foi guiada por um suposto guardião. O nome era simbólico, nada comparado aos guerreiros que tentaram libertar as terras dos gigantes, apenas homens fortes o suficiente para serem vencedores em campos de batalhas. Nenhum reino sobreviveu, apenas a lembrança. A transição de gerações fizeram com que todos aceitassem o destino de estarem sempre sob a mira dos soldados escarlates e subjugados pelo senhor do castelo branco, que deixa que seus “súditos” vivessem sem interferir ou mandar, apenas observando. Valian estava dividida em doze vinte aldeias. Aldeias geralmente seguiam um padrão comparado ao grau de sabedoria de seus líderes. Para entendermos melhor como era isso, Uan pai de Marian que lutou nas guerras quando tinha seus treze primaveras, teve sua vida em um vilarejo simples no reino de Tarth e por ter isso na cabeça o seu vilarejo era simples, sem muros, casas de madeira e sistema simples de colheita e plantação. O que seria então a vida da corja dos guardiões? O que seria feito dos mercenários, salteadores e trapaceiros se ele ganhassem um líder?

Hilinor que era um ladrão muito astuto, que sabia como ninguém envenenar as palavras ou as besuntar de mel, que utilizava-se de qualquer oportunidade que o colocasse em vantagem, que era honrado caso isso fosse suficientemente convincente para ele deixar mais um sem suas posses e que acima de tudo era querido por todos os outros malfeitores, ficou sabendo que as terras seriam divididas viu uma oportunidade em criar a aldeia aonde os excluídos dos reinos poderiam se reunir e viverem a vida aplicando golpes. Muitos gostaram da ideia e se reuniram, depois de seis dias definindo as regras de sua nova aldeia com os outros e pensando em como poderia sobreviver fazendo pequenos roubos nas outras aldeias foram cercados. Guiliener era o guardião designado para manter aquele grupo de pessoas em uma aldeia, ao todo eram cento e vinte pessoas, cento e vinte marginais, cento e vinte pessoas que confiavam somente em cento e vinte pessoas. Dançaram conforme a música, construíram seu povoado e começaram a plantar, porém como nenhum deles sabia lavrar a terra as plantações não cresciam. Guiliener não possuía paciência, castigando assim qualquer falha,ele filho mais novo de um antigo rei dos sete reinos se viu com um fardo maior que poderia aguentar. Hilinor na noite do primeiro inverno conquistou a aldeia para si, em uma disputa justíssima segundo ele próprio. Um duelo no meio da madrugada porque ele não conseguira mais dormir ao ver a situação de seu povo. O que na verdade foi uma execução no meio da noite.

A aldeia foi estabelecida e chamada de Inuriam, A sobrevivência deles por um bom tempo foi de roubos a postos escarlates e aldeias próximas. O que deu lugar as invenções, depois de algum tempo sobrevivendo dessa forma, as mentes engenhosas no crime descobriram outras formas de trabalhar engenhosamente. Criadores das primeiras roldanas, do sistema de elevação de grandes pedras com pequenos esforços – que por acaso foi utilizado para erguer a parte alta de Runei – e outras máquinas que começavam a auxiliar todas as outras aldeias pois eles trocavam máquinas simples por uma quantia absurda de pedras vermelhas e conseguiam sobreviver bastante tempo com as invenções.

O gosto pela aventura dos roubos, que agora não se faziam mais necessários, gritava o nome de todos eles então voltaram a roubar só para matar a vontade. Hilinor havia ficado mais sofisticado e escolher a dedo os itens que levaria das outras aldeias ou dos postos escarlates. Itens diferentes chamavam sua atenção, pedra de cores nunca vistas, metal resistente, armas e qualquer coisa com adornos ou coisa parecida. Os roubos passaram a ser um esporte e competição entre os patriarcas das famílias. O objeto mais valioso Hilinor escolhia uma dama a ser presenteada, a primeira foi a sua irmã, Hirea.

Hirea a muito se conservava sem marido, pois não havia um só homem em toda a aldeia capaz de conviver com aquela mulher geniosa. Nesse dia porém Limirt aquele que havia roubado uma pena com a base feita de uma pedra dourada, deteve-se contemplando de forma ávida aquela donzela. Ambos então se casaram e a vida seguiu.

Limirt e Hirea tiveram uma filha que era o tesouro de Hilinor, de tempo em tempo o tio dava a sua sobrinha um presente que podia ser o item campeão da disputa ou um dos melhores.

Minha ladina favorita, como anda o início de teus treinamentos?Ainda com dificuldade com o equilíbrio.

É simples, só pare de perder tempo rabiscando em árvores.
Não são rabiscos tio, são desenhos juntando as sobrancelhas em protesto a depreciação.
Seja lá o que for, pode estar tirando o foco do treinamentoele bagunçou os cabelos loiros da menina, ela abaixou a cabeça contrariada Tome isso, talvez eu salve mil pinheiros por te entregar esse pedacinho pergaminho entregou pra ela um pergaminho que foi recebido na última competição.Ela deu um abraço em seu tio.
Não se esqueça, o que diferencia o ladrão ele cuspiu do ladino é a habilidade.
Sim — Ela fez uma mesura e foi correndo para casa.

O pergaminho continha um único símbolo que ninguém naquela aldeia sabia o que significava, ele foi escrito por inúmeras vezes durante as duas primaveras de treino, da pequena menina de cabelos loiros. A menina se mostrava mediana em todos os aspectos, porém ser mediana não era uma coisa ruim visto que era a única mulher que treinava. O último estagio do treino era criar os próprios métodos de defesa e ataque. Seu tio era o mais habilitado para fazer os testes, ele conhecia bastante sobre todos que ensinavam ali. Hilinor era muito observador, sempre foi seu trunfo contra seus oponentes, qualquer erro era assimilado por ele com rapidez.

Lembre minha pequena, qualquer erro deve ser observado inesgotavelmente até se encontrar o caminho para não cometê-lo. Esse é o segredo no combate Fez uma mesura e preparou-se para um dança de avaliação.

 Ataques seriam desferidos de forma a testar o quanto foi aprendido com o último estagio do treino, o quanto valido era aquela forma. Primeiro estágio era o arco, ele atirou a flecha rapidamente e correu para atacar com a adaga, a seta passou rápido na lateral direita quando ela rotacionou rapidamente os calcanhares. Ela desenhava o símbolo com os pés. Defendeu a investida levantando as mãos do tio em um movimento limpo, ela ainda não havia pego sua adaga. Desenhava o símbolo com o posicionamento de seu quadril. Puxou a perna do tio e retirou sua adaga de seu esconderijo, na cintura, ele saltou e atirou a adaga que fincou entre os pés da menina. Ela jogou a adaga fazendo a camisa dele sofrer um corte, voltando ao chão ele retirou a espada curta, ela igualou-se a ele. Desenhava o símbolo com suas mãos. As lâminas se encontraram, ele tinha mais força que ela e a sobrepujou com isso. Ela porem sentia-se leve como o ar, e veloz como vento. Ela sentia o símbolo. Desviou do desafio de força e chutou na direção do rosto de Hilinor. Esquivando do golpe ele soltou sua espada, ele direcionou o punho ao rosto de sua sobrinha, ela recebeu o soco desferido e proferiu o símbolo.

Aer!

A mente de Hilinor foi inundada de memórias. Todos os seus feitos, e habilidade passaram diante de seus olhos. Loreah via o que Hilinor via. O sentinela sentiu a manifestação da magia e acreditou ser o guardião, preparou para caçar Liof, enviou os cavaleiros escarlates para destruir tudo que encontrassem naquele local.

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