domingo, 18 de outubro de 2015

Runei- O caminho da segunda cidade.

 O sol gerava seus primeiros raios na manhã, quando um murro na porta da casa de Pirtrio ecoava nos ouvidos de Sten e Loreah. Um guarda mal-encarado esperava com a paciência do tamanho das pupilas dos dois, ao contemplarem repentinamente os raios que surgiam pela janela. Pirtrio, o garoto com o braço ferido, se apressou e puxou os dois. A ladina quase revidou ao aperto repentino no braço, os milésimos de segundos necessários para o raciocínio evitaram a morte do garoto. Eles esconderam-se no meio de um falso entulho, feito de modo inteligente para parecer um amontoado de madeiras jogadas. O espaço era minúsculo para os três. O garoto se dispôs de forma a ficar com um pé para fora do entulho em um ângulo que seria um problema, caso o guarda possuísse uma vontade de encontrar maior que a preguiça. A porta anunciou o intruso, ele bufava e entre o capacete e a ombreira podia se ver uma veia pulsando. A não resposta de uma casa poderia ser duas coisas, não existia ninguém naquele lugar ou estavam se escondendo da verificação. A segunda era inadmissível na mente do guarda que estava ali.

Ele andou, os cômodos não possuíam portas e os arcos eram irregulares. Madeiras e poeira. Os seus olhos repousaram no entulho, seu faro para quem escondia era excelente e sua intuição era perspicaz. Ele deu um passo em direção ao esconderijo, analisava cada centímetro do entulho. Cada centímetro ganho, maior a nitidez do entulho. A cabeça então se voltou para contagem, essa era uma casa dentre as mais de cinquenta da área que ele havia de percorrer. Desistiu. Saindo pela porta deu espaço para a respiração dos três.
- Eles fazem isso sem avisar, procuram por meninos ou mulheres que já estão na idade adequada para iniciar os trabalhos nas minas ou nos postos escarlates. — A tristeza permeava as palavras.—Entendo. —Sten franzia o cenho e trazia a tona a lembrança do mestre.—O que faremos?- Loreah não enxergava um plano efetivo ali dentro.—Acho que temos que fazer o que o Liof nos recomendou, ver todas as cidades e recrutar.—Teremos neste local somente crianças, no combate isso não é útil.—Se eles tiverem vontade serão uteis. O que você acha Pirtrio?—Claro! Como disse pra vocês tudo que queremos é ver nossa cidade livre da tirania do dono do castelo alvo e se o aliado dele é o que vocês querem atingir.
O homem de cabelos escuros olhou para o garoto. A pupila dele havia se contraído, sua sobrancelha fazia curva se encontrando com o nariz. Sten se perguntou se estava certo um garoto daquele tamanho expressar ódio de forma tão clara. A mulher pequena de cabelos amarelos se dirigiu a porta.—Vamos! Há um caminho a seguir para chegarmos ao posto. É possível que a forma com que viemos não seja possível.
A mente de Marian vagava, sua cabeça estava limpa. O foco em Loreah e Sten. Liof ensinava a ela o poder da meditação. A noite anterior foi turbulenta para ela, pesadelos assombraram suas lembranças durante o sono. Acordou aflita, procurava por ajuda. O velho de cabelos brancos falava para ela que a meditação é uma ótima forma de limpar as reminiscências da noite. A mulher viajou de forma intensa na limpeza do pensamento e chegou aos dois, encontrou eles encolhidos no canto de uma sala e um branco de pedra branca os farejava. Ela então gritou com ele e manteve a atenção do lado oposto dos dois, logo ela o distraiu passando por ele. Porem ele farejou e seguia em direção ao canto da sala onde havia Sten, Loreah e um lobo filhote. Ela o atacou ele tentou se livrar do abraço dela. Então ela com esforço enorme o empurrou para fora do local, ele então sentiu cheiro de carne em outros lugares e sumiu na floresta sem folhas.
- O que você viu?-Ela abriu os olhos assustada, Loreah e Sten estavam em perigo. Um lobo atacava eu acho, Eu ajudei eles como pude.- Ela tinha convicção de que a cena havia acontecido.-Pode ter sido imaginação- Liof manteve os olhos apertados, fixo no rosto da mulher. – Está na hora de nos juntarmos a eles. Eles começaram a se dirigir em direção ao posto.
O túnel que leva de a mata auxiliar ao portão principal foi seguido em silêncio, Pirtrio e Pãtrio agora se juntaram ao grupo. Saíram sem se despedir, pretendiam voltar o mais rápido possível. O arco coberto pela vegetação ocultou-os enquanto a visão deles era inundada pelo escarlate. Os soldados estavam se dirigindo a cidade alva. O portão estava escancarado, não havia guardas alvos nas torres. Os dois irmãos se olharam, arregalaram os olhos. Esqueceram que as vistorias eram feitas durante o dia todo e quando a guarda media da cidade alva estava procurando por novos trabalhadores, os cavaleiros escarlates se dirigiam para a proteção da cidade e a festança.
—E pensar que eles já moraram na nossa cidade – Pãtrio cuspiu no chão.
—Não lutam porque aceitam as migalhas de um dia em cada estação poderem se esbaldar na cidade alva.— Pirtrio segurava o braço ainda ferido.
—Pior que os fracos, são os fortes que negam a responsabilidade.— Loreah pressionou os dentes uns contra os outros. Algo dentro dela se revoltava.
—Então porque não fazemos nada agora?
—É necessário inteligência, sobrevive-se assim.
O velho viu apenas dois cavaleiro escarlates rondando o acampamento, achou curioso o fato de parecerem entediados e cansados. Eram humanos. A dor na cabeça surgiu como se uma pedra houvesse acertado a sua fronte em cheio. Lembrava-se da traição. Lembrava-se daqueles que serviam ao dono do castelo branco.
“Não reconhece meu símbolo”
Se perguntou porque um soldado estaria na floresta sem luz atacando pais e o filho. Sten.
A resposta não viria de pronto.
—Vamos atacar, eles são dois.
— Não tenho certeza.— Liof contemplava as possibilidades.
Um barulho, Os guardas deram as costas para a entrada onde estavam espreitando o guardião e a líder de Falligan. Oportunidades são indispensáveis. Eles correram para dentro e viram seis guardas caídos. Dois mortos e quatro inconscientes. Os dois sabiam quem havia atacado cada um deles.
—Eu achei que seriam vocês.- Liof fez uma saudação.
Pãtrio ainda se conservava em posição de ataque.
— Esses são o Pãntrio e Pirtrio.
Liof bateu no peito com o punho fechado. Uma saudação antiga. Os garotos não entenderam mas respeitaram.
— Mais alguns companheiros com para nossa batalha?
— Muito obvio. Qual a nossa nova direção?
— Qual a cidade mais próxima?
Os garotos estreitaram os lábios e cuspiram


—Tya— Soaram em uníssono.  

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