sexta-feira, 23 de outubro de 2015

Tya - A grande guarda da renascida Mengua

 A ponta da espada de Ádaia encostava levemente no meio do pescoço de Sten, Loreah estava desacordada sendo vigiada por uma Guarda Tya. Marian e Liof tinham as mãos e os pés amarrados Pirtrio e Pãntrio estavam presos em uma armadilha feita de madeira. A chance de sobrevivência deles estava nas mãos do selvagem. A respiração dele havia parado, seus olhos contemplavam a inimiga. Os cabelos ruivos amarrados com cuidado, a armadura cor de cobre com detalhes dourados brilhava, A confiança transbordava de sua face. Seus olhos pretos fixados nos olhos profundos do invasor a sua frente. A cidade de Tya seguia as regras de seu reino de origem, o reino de Menguan. Conhecido por tratarem com muito cuidado de seus amigos. Menguan era conhecido pelas pessoas calorosas. Andando em qualquer lugar você seria cumprimentado por todos, seria recebido em qualquer casa com um abraço e um grande sorriso, comeria da melhor comida, beberia da melhor bebida e seria alvo de uma atenção que chegaria a incomodar caso você não fosse daquele local. A rei* Nunkbe, gostava de falar “Um Tyar vive cada segundo da sua vida focado naquele instante”. Tinha apenas um problema. Para poder ser considerado um amigo na cidade de Tya você teria que provar seu valor. Sten estava tentando mostrar o seu.

A estrada os levou até a uma decida íngreme de uma estrada destruída. Loreah esfregou os olhos ao ver flâmulas e torres bem construídas que serviam de base para a construção de muros de pedra marrom, a beleza incomodou sua visão. Algo novo no mundo para ela, algo que não fosse madeira ou pedra e pó. Desceu saltando de pedra em pedra com a tranquilidade de quem corre sobre campos planos. As acrobacias feitas eram semelhantes ao dia em que seu pai desafio ela a pegar a adaga da família no topo da árvore. Ela esboçava um meio sorriso no rosto. Os outros desciam com muito cuidado. Liof olhou o símbolo na flâmula e sua memória foi cutucada. Forçou as pálpebras, como se isso fosse buscar dentro de sua cabeça uma visão mais aguçada da memória que queria sair.
—O que sabem dessa cidade? —Marian perguntou aos meninos.
—É a cidade que recusou ajuda para nós do grande buraco.— Pãntrio cuspiu.
—Vocês já vieram aqui?
—Não, Mas nossos ancestrais na batalha da grande divisão vieram e pediram.— Pirtrio comprimiu seus lábios— Não custava nada nos ajudar.

Sten sentiu uma movimentação estranha nas matas que cercavam a estrada agora menos íngreme e sem tantas pedras, árvores começavam a proporcionar sombra ao caminho. As folhas farfalharam alarmando todos. Um pássaro surgiu ciscando entre as folhas. Ciscava. Pulava. Loreah tentou acertar ele com uma pedra ele voou um pouco.
—Daria uma grande refeição – Ela sorriu.
O pássaro pousou novamente e seguiu eles ciscando e pulando pelo caminho. As sombras das árvores já cobriam mais da metade do caminho, deixando a luz do sol criar passagem dentro dele. A ladina e o selvagem estavam atentos a tudo. Os outros ainda estavam perturbados com a perseguição da ave. Outra ave de corpo um pouco maior do que a outra, com o pescoço grande e penas brancas começou a fazer o mesmo que a anterior. Andava atrás deles ciscando e pulando. Ciscando e pulando. Eles apertaram o passo. Já divisavam o portão de madeira e ferro da cidade de Tya. Sten então voltou sua atenção para as aves agora havia ali cerca de o dobro do número de pessoas. Pirtrio lançou uma pedra em direção a elas. O bater das asas fez com que o ataque falhasse a exatos vinte passos do portão. Elas começaram a grasnar e voavam em direção aos seis dispersando eles. Pirtrio e Pãntrio escutaram um clique em meio as folhagens e do chão uma placa de madeira ergue os dois ao ar fechando em uma caixa que tinha as paredes vazadas.

Um guarda surge em meio as árvores e imobiliza Marian. Dois seguram Liof que não revida de modo algum, a surpresa estava do lado deles. Loreah e Sten esquivam dos guardas que tentaram atacar os dois. A face da ladina goteja o sangue. Duas aves haviam sido acertadas pela ladina e agora ela praguejava mentalmente. Se fossem dois guardas eles não estariam cercados por seis.

O primeiro investiu contra a mulher pequena, o tilintar do metal no metal deixou claro que a aparência de madeira avermelhada era apenas uma forma de se camuflarem por ali. A face dela riscou o peitoral do oponente, Sten derrubou um deles com um chute bem aplicado na parte de trás do joelho. Os dois retrocederam do local onde tinham vindo. Loreah pegou seu arco curto e preparou uma flecha. O selvagem pegou a espada curta na cintura da ladina, sua adaga não faria muito efeito sobre aquelas quantidades, ele correu e se preparou. Um disparo acertou no cinturão de um dos guardas. Eles estavam cobertos de forma as únicas entradas na armadura era o encontro da ombreira com o peitoral. Ela não ia conseguir acertar uma flecha com eles em movimento.

Um barulho brotou atrás da ladina, o arco foi solto. Ele caia em direção ao chão, a mão da ladina resgatou sua adaga que havia sido guardada durante o distanciamento do inimigo. O movimento vertical fez a adaga raspar uma armadura diferente das ali vistas, encontrou então a ponta de um elmo muito mais elaborado que os dos guardas normais. A ponta raspou levemente na pele amorenada e levou o elmo para o ar. A guarda da espada longa acertou a lateral do rosto da ladina que tentou se distanciar um pouco zonza. Quando foi agarrada de forma a imobilizar seus braços. Loreah encontrou olhos negros e incrédulos a sua frente. Eles se aproximavam de forma veloz e logo um borrão de pele cresceu até virar o escuro da inconsciência. O pequeno arranhão na testa de Ádia havia quebrado um número grande de batalhas que ela havia enfrentado sem ser ferida. Agora a quantidade era o problema de Sten haviam seis novamente. Ele havia desacordado um deles. Foi cercado.

Um estalo, Um pensamento.
—Ele exige um desafio pela amizade do reino de Mengua—Liof não acreditava que realmente conservassem as regras antigas mas um grito já seria uma distração.
— Pelo nome de quem ele invoca o antigo código?
— Pelo nome de nós seis, Guardiões sem-terra.
A mulher de cabelos ruivos levantou uma de suas sobrancelhas, a palavra guardiões a levou a sua casa. Ela se via sentada no colo de seu pai escutando sobre um lugar e um grupo de homens lutando por uma liberdade. A liberdade fora da prisão de muros em que ela se via confinada.
—Aceito. Ele terá que provar seu valor em batalha. Lutará comigo chefe da grande guarda da Renascida Mengua.

Os cinco se afastaram. Ela fincou a espada longa no solo da estrada, esticou a mão pedindo uma espada a um de seus subordinados. Eles entregaram a espada para ela, segurando pelo cabo ela deitou a lâmina na sua outra mão e andou em direção ao homem de cabelos pretos. Ajoelhou-se e estendeu a espada. Os olhos de Sten correram ao encontro do mestre. Ele não sabia nada sobre honra ou desafios. Se ele fosse desleal todos os cinco teriam permissão para matá-lo da forma mais conveniente. Sua mão ainda segurava com força o cabo da espada curta, ela pedia por um golpe. Liof o repreendeu com o olhar. A espada curta foi solta. Agora ele tinha uma espada longa em suas mãos, o peso lembrava o machado do pai de Marian. Virando as costas a mulher de armadura pegou sua espada, fechou os olhos e deu meia volta para encontrar seu oponente. Olhos abertos, uma reverência e o ataque. Ela se movia de modo leve apesar da armadura pesada. Sten esquivou enquanto tentava escutar algo que Liof o falava. Rolou.

—Você só ganhará a amizade deles se derrubar a espada dela ou fazer ela sangrar. Pontos vitais são proibidos em um desa...

Outro ataque tirou o folego de Sten, ele aparou. As lâminas se encontraram ela forçou para direita, ele forçou para esquerda dela. O peso da armadura dava vantagem para ela, O pé dele buscou apoio um pouco mais atrás. Ele girou e saltou, ela girou no sentido contrário para tentar acertá-lo. O término do salto fez ele encolher um pouco o corpo, esse instante.

A ponta da espada de Ádaia encostava no meio do pescoço de Sten, o movimento da cabeça dele pendendo pra trás. Um chute na lâmina tirou a espada da mão da mulher. Ele rolou para trás então viu a guarda retirar a espada, correu em direção a ela. Se pôs entre ela e Loreah que estava desacordada. Ele arfava o esforço da luta foi grande, sua espada estava caída no chão. Seu pescoço tinha uma gota. Ádaia havia pego sua espada no ar.

—Porque você saiu do desafio?
Ele puxou ar.
— Ela ia executar Loreah, isso não podia ser feito.— Ele puxava o ar com mais calma
—Eu não ia, estava ajustando minha arma. Ela encaixou errado— Foi interrompida.
— Não importa.— Ela olhou fixamente para o homem de cabelos negros— Vamos mostrar Tya, Renascida Mengua.

* todos os Senhores dos reinos eram chamados de rei independente do sexo.

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