sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

Tya - O surgimento

Vó Duia, consegui! Tenho o direito pelo senhor do castelo branco para formar a minha aldeia.
Que maravilha meu querido! — a velhinha alegre sentia brilhar em seus olhos um futuro.
Nada seria possível sem você — O homem de olhoes castanhos, barba serrada abaixava a cabeça sentindo pesar sobre si uma dificuldade velada, uma lágrima surgiu de sua face Desculpe, não consigo evitar pensar na sua saúde vó, desde que… — fez uma pausa, buscou os olhos da matriarca e seguiu com dificuldade Desde que a mamãe se foi, se tornou triste ver que o passar do tempo toma toda vitalidade daqueles que amo profundamente.
Não fique assim, quando cuidava do templo da flor de luz eu e meus companheiros discutíamos bastante sobre a necessidade da extensão da vida, qual era a necessidade de todas as estações que se vivera. Seu avô um dia sentado no jardim comigo acabou com as discussões internas, que tinha sobre o fato. Ele me disse que vivemos o necessário para cumprir o que precisa ser cumprido por nós Ela abriu um sorriso enquanto essa terra precisar de mim estarei aqui.
Você não poderia se manter viva curando qualquer mal que tomasse seu corpo?
Não é assim que funciona a mão da senhora repousou no rosto inquieto do neto quando descobri que podia curar, entendi que não era um presente para ser utilizado para objetivos egoístas, Ela só funciona quando doo de mim. Peço que não guarde dentro de ti a mágoa que o egoismo possa te trazer.
Claro, por você abandono minhas vontades O guardião nomeado pelo senhor do castelo foi solene. A mulher segurou com a outra mão a fronte do homem ajoelhado a sua frente.
— Estarei aqui enquanto nossa aldeia precisar — mudando então o tom para alegre — Você já escolheu o nome?
— Tya.
— Sua mãe ficaria lisonjeada com essa homenagem.

Algumas primaveras se passaram e com alguns amigos que possuíam um ideal parecido com o dele, Mirth determinou uma aldeia que se sustentaria sem a necessidade de comercializar com os soldados escarlates. Os primeiros campeões de Mirth foram os outros guardiões que o elegeram como líder e regente daquela aldeia. Enquanto em outras partes a guerra por posições entre os guardiões era constante, ele ergue um muro entorno do terreno cercado pelos campeões. Quando a última parte da aldeia estava se consolidando Duia fechou os olhos e sentiu-se envolta em uma abraço caloroso de seu neto. O rio da magia a submergiu deixando-a tocada por todos os sentimentos de carinho movidos por toda aldeia, que ela ajudou a formar a honra e o caráter. Encontrara no manancial de magia o descanso do corpo.


Soldados escarlates avançavam de forma furiosa em direção a muralha, os campeões estavam na defesa. Represaria por eles impedirem a ocupação de uma área dentro da grande floresta pelos cavaleiros escarlates. A formação impedia que a muralha fosse cercada ou escalada, A voz forte de Mirth coordenava a defesa pelo lado que tinha um caminho para uma aldeia que agora virara cidade, Runei. Existiam mais dez comandantes repassando cada ataque e manobra, os arqueiros se concentravam, cavaleiros escarlates feridos atacavam sem medo algum, sem dor alguma e com a força descomunal. As bestas vermelhas encontravam uma parede sólida e inteligente de soldados, treinado e rápidos.
— Vamos! Vamos! Ataquem! — Escutava-se o som abafado dos escudos se chocando contra as pedras vermelhas gerando um som oco e abafado — Empurrem! Empurrem! — Mirth estava surpreendido com seus soldados, pareciam sintonizados de forma única, e seus ataques pareciam mais fortes que o comum — Defendeeeeeeer!!!! — as setas fragilizavam os cavaleiros escarlates, as espadas feriam de forma bruta e os escudos refutavam os ataques. Parecia o movimento de um oceano empurrando as impurezas para a praia.

— Mestre, minhas habilidades parecem menores por aqui. De alguma forma um santuário foi erguido envolta dessa cidade.
— Liberte um de seus irmãos — Soou sofrego dentro da cabeça do primeiro cavaleiro.
Um vulto vermelho seguiu em velocidade de onde viam a cidade até o calabouço e o gigante foi liberto

A guarda defendia bravamente, porém começaram a ceder. Os ataques continuavam e o cansaço começou a pesar, Mirth segurava fechou seus olhos e parou com a defesa. Decidiu atacar com tudo que podia.
— Avançar! — Ele gritou desesperado.
Seus olhos divisaram a montanha que se aproximava e pela primeira vez seu coração sentiu o terror, um vulto negro cobria o seu. Andava em direção a cidade, os soldados escarlates prepararam a retirada deixando por conta do monstruoso ser a derrota da grande cidade. As mãos retiravam árvores de seu caminho.
— Retroceder! Todos para a cidade! — Gritou direcionando suas tropas para defesa.
Sua espada em punho e seu olhar desacreditado, escutava no fundo da sua alma a voz de sua amada avó: “vivemos o necessário para cumprir o que precisa ser cumprido por nós”. Sentiu-se sozinho, ninguém poderia fazer nada contra aquele inimigo, ia além de qualquer um. O regente de Tya, se recusou a aceitar aquilo, se fosse para ver tudo acabado que fosse com sua entrega até o fim. A espada em punho, o elmo adornado cobria-lhe a cabeça. Queria queimar toda a sua energia ali, em uma derrota inevitável. Correu sentindo todo o esforço do corpo, cada mínimo movimento dizia a sua intenção. O gigante de olhos vagarosos, puxava árvores indo na direção do local ao qual seu irmão perfeito havia mandado, alheio ao esforço de um homem preso na armadura que mirava os dedos do pé. Uma espetada o incomodou, em seguida outra e outra. Olhou para baixo rapidamente e viu o homem que aos seus pés seria uma pequena formiga. Quando ameaçou pisar em cimado dele, Mirth se agarrou no pé e se segurando golpeava aonde estava.

A mãozorra foi na direção do soldado que quase não teve tempo de fazer nada. Um calor aconchegante envolveu o líder daquela aldeia, algo muito maior que ele doava-lhe proporções significativas de energia, seu sentir lhe trouxe em um leve Sussurro: “Forças iguais”. A palma da mão do gigante envolvia toda a parte do tronco quando em uma busca de liberdade, as mãos juntas no cabo, golpeou a mão do gigante, que imediatamente a abriu deixando o seu prisioneiro cair da altura de uma árvore antiga, o rosto do gigante mostrava a dor que o envolvera.


Lembrou das pelejas entre ele e os irmão quando havia desentendimento, a dor lembrou muito a dor de um soco dos irmãos. A tarefa que antes a seus olhos era enfadonha agora, era necessária. Buscou na floresta o pontinho que cairá da sua mão. Enquanto perscrutava todo o ambiente, em um galho mais alto Mirth se preparava para investida, empurrando a árvore com os pés e fazendo com que ela começasse uma queda. O guerreiro viajava em direção ao gigante, teve impulso necessário para alcançar a coxa. O golpe da espada fez o gigante grunhir, uma gota do sangue do primeiro filho dos Deuses escorria pela perna. Mirth sentiu o impacto da mão o atingindo e seus ossos tremeram, sustentava o peso da enorme mão de forma espetacular. Ele devia estar esmagado, de alguma forma a força que tinha era descomunal. Puxando a mão para o alto o terrível inimigo golpeou novamente, sentiu o metal da armadura atravessa a pele em alguns locais do corpo, a dor o invadia de forma bruta. Gritou e dispersando toda a sua energia livrou-se do aperto fatal, caía. Fincou a espada para se livrar da queda agora com as duas mãos empurrava os pés contra a pele do gigante que tentava uma nova investida. Desceu em direção a panturrilha aumentando o rasgo na perna. O novo golpe do ser enorme foi em vão, Mirth soltou a espada e caiu rolando no chão, deixando o gigante forçar a espada mais para dentro da perna. Olhava o gigante enfurecido pelo ferimento se movimentar de forma desgovernada em direção a cidade, cambaleou, O regente respirava com dificuldade uma força interna parecia aliviar suas dores. O gigante atacaria a cidade com o seu braço, não poderia deixar aquilo acontecer.

A dor aumentou, sentiu todos os ferimentos, sua visão turvava e suas pernas já não o aguentava. Ajoelhou-se, sentia que já habitava o intermédio entre dois lugares: a vida e a morte. Viu uma mulher de face branda, os olhos sábios e o vestido lilas. Soube que era sua vó.
— Salve-os vó... — Sussurrava.
— Obrigado meu filho, seu dever foi cumprido.

Caiu de costas, levantando os olhos viu que o ataque do gigante sendo bloqueado por uma barreira invisível. Uma barreira que protegia com tanta propriedade que o chão envolta de Tya cedeu a força do gigante, mas a terra aonde estava a cidade estava incólume. Voltou o olhar para a mulher de olhos doces e que chorava.

— Obrigado por protegê-los — ele enxerga apenas ela e a barreira.
— Não me agradeça, é a sua vontade que sustenta toda a barreira — Ela aproximou e acariciou o rosto do morto — A linha que liga você ao destino dessa cidade é um fluvial forte do grande rio que é o gerador de tudo nesse mundo. Cumpriste seu dever, agora cabe a mim reger o que deixas, eu te amo meu neto, até breve.


O castelo branco se remexia, O gigante voltara ferido e falhara em sua missão.
— Senhor, nosso irmão esta ferido, havia…
— Eu sei! — O enfermo utilizou de suas forças para soltar um grito mental — senti daqui a batalha, e a incomum entidade — na cabeça do primeiro cavaleiro escarlate borbulhava o arfar de seu mestre — Uma entidade vinda de alma humana. Isso é novidade… a não ser que ela houvesse se banhado no sangue de nossos pais de alguma forma, tenho que averiguar assim que puder. Antes…

A voz na cabeça do Cavaleiro primordial cessou enquanto ele colocava a última corrente no gigante ferido, a névoa negra envolveu o calabouço aonde havia outro dois gigantes, o cavaleiro deixou o calabouço enquanto ele era submerso pela névoa e os sussurros furiosos. Amanha seguinte havia apenas uma carcaça seca e o último gigante amedrontado.

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