sexta-feira, 18 de setembro de 2015

O vale costas-do-esqueleto - O posto de vigilância

Eles avançaram com cautela, haviam visto ao longe a construção com a bandeira de símbolo vermelho.

— Como faremos para sair do vale? Com aquela fortaleza ali? — A ladina já tinha decretado a impossibilidade
— Eu não sei ainda. — Liof pensava.
— com essas paredes uniformes será complicado, não temos aonde nos esconder e aproximar para analisarmos o local – Loreah praguejou.
—Porque não vamos pelo rio? — Marian questionou
—Pensei nisso mas teríamos que manter a respiração muito tempo além de nadarmos contra a correnteza, Impossível! — Ela ficava um pouco atormentada quando tinha um problema insolúvel
—Já que não tem para onde ir, vamos na direção deles – Sten sentia a confiança dentro dele.
—Claro! Vamos ir quatro contra um número qualquer de cavaleiros escarlates. Tu és idiota, esqueceste que quinze acabaram com cerca de cinquenta guardas e muitas outras pessoas.
—Ele tem razão Loreah, ou vamos ou voltamos essa é a escolha. Não há mais o que analisar, se tivéssemos alguma posição de vantagem você já teria encontrado.
Ela estava contrariada mas o elogio massageou um pouco seu ego, ela aceitou ir de peito aberto ao combate. A torre virada para o vale não tinha ninguém. O silêncio era precioso pois já estavam bem próximos da construção, A ladina apontou para o alto da torre e eles começaram a escalada. Todos em um ritmo próprio, Marian apresentava dificuldades mas ela tinha a vontade necessária para comandar as dores que sentia. Chegando no topo a construção parecia abandonada a algum tempo, teias de aranhas enchiam o local.

—Acho que você pensou demais pra nada – O rapaz de cabelos escuros, cutucou Loreah
Ela deixou que sua fisionomia falasse por ela, Desceram o lance de escadas em espiral. O local era só pedras, poeira, teias e metais. Pedras lisas e abandonadas. Uma única porta se mantinha fechada, Sten estacou diante dela. Fungava o ar, o arrepio correu por seu corpo, foi da nuca até o calcanhar.

—O local não está vazio. —Ele surpreendeu a todos.
—O que tem nessa porta? —O guardião quis saber o que o menino havia conseguido detectar.
—Provavelmente uma Aranha-noturna.
—Entrarei e pisarei nas aranhas – A mulher de cabelos loiros enfiou o pé na porta abrindo ela.
—Não faça isso – Sten a deteve – Aranhars-noturnas são minúsculas e para sentir o cheiro do rastro dela é necessário se abaixar até o chão, O cheiro dela está no ar comum. Isso pode ser duas coisas, há uma quantidade maior que as folhas das árvores da floresta-sem-luz ou existe uma de proporções absurdas. Ambas possibilidades necessitam de se pensar.A ladina o escutou.
—O que aranhas minúsculas podem fazer?
—O veneno dela paralisa e faz com que sua pele se torne dura como pedra. Ela então vem e quebra a casca-pele e se alimenta.
O arrepio pegou Liof de surpresa. Ele não lembrava que tinha medo de aranha.
—vi uma viver em um lobo-olhos-azuis por muito tempo. Elas envenenam a parte que pretendem consumir, no caso de muitas elas podem acabar com a gente em segundos.
—E se for uma grande? — a ladina se interessou.
—Ela tera presas maiores.

Ele pegou uma tocha que estava presa na parede, pediu para Marian escrever o simbolo do fogo e encostou a mão gerando combustão no pano velho com um pouco de óleo. Jogou dentro da sala que estava com a porta escancarada, rolando no chão escutou o chispar de algo.
—Temos muitas aranhazinhas – disse Marian.
—Elas não vão sair daquela câmara – O rapaz teve certeza – elas não aceitam muito bem a luz do sol.

Ele acendeu mais algumas tochas e foram andando queimando qualquer ser que se figurassem nos pés. Quando venceram um pouco mais que a metade da sala um barulho de chacoalhar de metal soou, a luz que escapava pelo ombro do aprendiz revelou uma aranha que foi vista por Liof. O velho sentiu uma presença diferente, sua gerou uma estratégia, ele não pensou. Confiou nas suas lembranças e sussurrou no ouvido da mulher de cabelos castanhos. Marian correu pisando com equilíbrio perfeito, ela foi em direção a um brilho de metal no outro lado do salão, Liof correu junto em direção a porta aberta e a fechou. Loreah viu pinças grandes se baterem a cima de sua cabeça, Sten golpeou-as com a tocha em suas mãos. Os dois Estavam perdidos ante a ação repentina dos companheiros, O símbolo do fogo brilhou no metal encontrado por Marian e a porta se escancarou deixando aluz entrar, fazendo um caminho entre as aranhas minúsculas, Sten atacou mais uma vez a aranha com metade do tamanho de Loreah, que estava pendurada pendendo do teto. Eles então correram para a saída, quando os passaram pela porta Marian puxou as portas enclausurando Liof dentro do local.
—Abra essa porta! Ele ficou lá! — Sten berrou.
—Ele pediu—ela segurava a portas — Confie nele!
A decisão de seu mestre o pegou de surpresa. Ele não tinha palavras, aquilo não foi um sacrifício. Ele raciocinou, existe algo que ele precisava fazer.
—Vamos em frente – Loreah estava impaciente.
—Vamos — Sten concordou.

O escuro flutuava sobre os olhos do guardião, A presença além das Aranhas-noturnas era imperceptível, a mentes normais. Algo dentro de sua mente se agitou, ele lembrou conceitos antigos.
—Outro santuário? O que vem acontecendo?
O ar se tornava palpável e nenhuma resposta saiu do nada.
—Revele-se, venho a sua casa só. Desprovido de proteção para conversarmos.
—Quem és tu? —Não foram palavras mas Liof o entendia.
—Um dos que resistiu as forças da magia. Sou dos sete reinos. Me chamam de Liof.
—O que fazes na minha casa?
—Não sei, Senti sua presença e sou curioso.
—Interessante! — O ser inspecionava o guardião – Mesmo feito de matéria desse mundo você me compreender.
—O que você quis dizer com esse mundo?
—Eu venho da minha casa – a palavra para o local de origem falhou na mente do velho.
—Quem te trouxe até aqui?
—O assassino, Ele anda experimentando poderes que ele não pode controlar. —Ele transmitiu um desprezo em cada onda de pensamento. Liof sentiu o corpo se arrepiar e a cabeça latejou novamente. —Vejo que se encontraram. Interessante! Interessante!
—Quem é esse assassino? Porque essa alcunha?
—Ele matou seus próprios pais, aqueles que viram ele, no começo enxergaram perfeição e depois enxergaram equívoco. Eu fui uma das primeiras coisas que ele trouxe com seus poderes.

A textura da pedra embaixo dos pés de Liof modificou. Algo feroz borbulhou na escuridão.
—Não tente nada disso — O Homem dos cabelos brancos sorriu com o canto da boca, um certo tipo de confiança – Tenho mais algumas perguntas antes de você tentar me consumir.
—responderei a mais três — as pinças de todas aranhas dentro abriram e fecharam causando um som ameaçador, Liof sentiu elas subirem seus pés.
—O que são os gigantes?
—Irmãos, Os mais velhos. Os primeiros filhos.
As aranhas alcançaram sua cintura e ele se mantinha imóvel.
—O que é o monstro vermelho?
—Um de vocês modificados pelo sangue vivo de seus pais. Assim como você.
A aranha maior pendeu do teto e o veneno de suas presas gotejavam sobre os cabelos do homem, as aranhas menores o cobriam agora até o ombro.

—Porque você está preso aqui? —A dor de cabeça dele aumentou descomunalmente.
—A magia do seu mundo esta chegando a um ápice e por isso o Assassino consegue me manter preso nessa minúscula sala, uma prisão além das barreiras da matéria. Que para sair – As aranhas se aproximavam dos olhos, narina, boca ouvido – Talvez necessite de um pouco dos herdeiros modificados. Vamos experimentar.

Como a densidade da água, a escuridão se revolveu em meio a sala e ela tomou forma de um ser que parecia nadar no ar. Olhos se formaram, e encararam a presa. A dor de cabeça de Liof tinha atingido o máximo. Seus olhos ganharam tons entre o laranja e o vermelho, sua boca brilhou. Suas mãos incandesceram e suas veias eram o fogo, ele expandiu sua vontade sobre o ser. Consumiu então sua existência naquele local e com ele as aranhas que haviam feito o trato de mutualismo. Os metais escorreram feito água, cobrindo o chão por completo. Entrando em contato com o pé de Liof o metal se resfriou e formou um contorno. As roupas de Liof Haviam se desintegrado exceto sua espada que repousava em sua mão, o cabelo dele havia a cor branca um pouco menos pura, Ele andou até a porta e abriu a sala. A luz do sol agora penetrava por completo. Ele achou um peitoral prateado, um cinto dos escarlates, panos puídos e um escudo. Vestiu todos. Sentiu no corpo o conforto de se estar em casa.

Seguindo os rastros dos três companheiros Liof os viu discutindo.

— Se temos que buscar povos para, nos ajudar na luta contra o dono do castelo branco precisamos ir nós quatro — Marian falava com certeza.
—Tudo bem! Quero ir para aquela planície.

Liof interrompeu com sua aproximação.
—Algo me diz que a planície tem alguma coisa esperando.

Eles foram buscar recursos para a caminhada e foram em direção ao labirinto-plano.

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